Vanessa da Mata se apresenta em Maceió no próximo sábado com a turnê “Quando deixamos nossos beijos na esquina”
Novo disco da artista, complemente autorial e produzido por ela, foi lançado agora em 2019, No show, Vanessa também cantará seus grandes sucessos, como “Ai, Ai”, “Amado”, “Gente Feliz”, “Boa Sorte/Good Luck”, “Não Me Deixe Só” e “Ainda Bem”.
Janaina Ribeiro
Quem foi abençoada no início da carreira por Chico César e Maria Bethânia tinha mesmo o universo conspirando a seu favor. E, desde quando resolveu começar na música, têm sido sucesso atrás de sucesso os álbuns da mato-grossense Vanessa da Mata. Seu primeiro disco foi lançado em 2002, quando a cantora e a compositora tinha apenas 26 anos e, até aqui, já são sete colecionados. E o melhor da sua produção musical poderá ser conferido, no próximo sábado, a partir das 21h, no Spazio Gatti (Serraria), no show “Quando deixamos nossos beijos na esquina”, nome do último trabalhado lançado este ano.
Num bate-papo com o #Notícias40Graus, Vanessa da Mata falou sobre o início de sua trajetória na vida artística, a alegria de ter suas canções sempre em trilhas de novela e como foi se aventurar no campo da literatura. A artista também conversou conosco a respeito do disco “Quando deixamos nossos beijos na esquina” – produzido por ela mesma – e chamou atenção para um tema importante e que precisa ser debatido no Brasil: a adoção. Vanessa fez a opção pela adoção tardia e decidiu criar três crianças.
Confira, abaixo, como foi esse bate-papo!
Quem entrou para o cenário da vida artística sendo apadrinha por ninguém menos que Maria Bethânia só poderia ter uma carreira de sucesso. São sete álbuns até agora, sempre com músicas que ficam dentre as mais tocadas e ouvidas nas rádios e nas plataformas digitais. Qual o segredo para se manter no topo?
Cantar uma música minha e de Chico César com Maria Bethânia logo no começo da minha carreira, com 21 anos, foi um marco realmente. Eu acho que o fato deles terem gostado da minha música me deu uma direção em confirmar, para mim, que eu tinha a ver com aquilo. Tenho sorte de ter uma simpatia nas minhas músicas e alguma força que eu não sei explicar. Talvez eu tenha a sorte de serem músicas que abraçam.
Quase todos os seus discos tiveram alguma canção sendo tema de personagens de novelas. Já vi vários artistas dizendo o quanto é difícil ter música selecionada nesse sentido. Como você costuma encarar o comunicado que mais uma canção sua será trilhada sonora de TV? “Só você e eu” está estourada nas paradas musicais e também entrou para a trilha sonora de A Dona do Pedaço, atual novela das nove da Rede Globo. Como se sentiu quando sua canção mais uma vez escolhida?
É sempre um prazer estar em novela. Eu venho do interior do Brasil e sei o quanto esses folhetins têm um peso de contar histórias, de interpretar situações tipicamente brasileiras.
Você já foi indicada e venceu algumas vezes os prêmios Multishow, Grammy Latino e da Música Brasileira. Teve indicação de melhor canção, melhor álbum e melhor cantora. Faz muita diferença na hora de pensar um novo disco ter todas essas referências? Tipo, você compõe e produz com aquela cobrança de que o álbum precisa ser melhor que o anterior para manter ou melhorar o padrão do trabalho?
Todas essas indicações e prêmios fazem parte da minha história, mas na hora de criar o foco é completamente direcionado ao single, projeto, álbum, enfim. Não tenho tamanha cobrança, simplesmente faço música. Costumo dizer que crio letras de maneira freestyle.
Saindo um pouco do segmento da música, você também se aventurou no universo da literatura. Escreveu seu primeiro livro, “A filha das flores”, em 2013. Tem planos para lançar outras obras?
Adoro escrever. Meu prazer como escritora não vai acabar, não.
A gente sabe que você busca ter uma vida bem discreta, falando pouco sobre sua intimidade. Mas, a adoção dos seus três filhos foi uma iniciativa que chamou bastante atenção. Em tempos de intolerância e preconceito diante de tanta coisa, você acha importante falar sobre esse tema?
A adoção é extremamente forte em todos os sentidos. Eu tive os meus filhos que vêm de uma adoção tardia e acho importantíssimo falar porque estamos lidando com crianças com abandono, tristezas profundas, com necessidade de serem guiadas e cuidadas. Meus filhos chegaram sem nenhum apoio na escola, tendo muitas dificuldades. O de 8 e meio sabia três cores, branco, vermelho e preto. Isso por causa do Flamengo, se não nem saberia. Além da intolerância e preconceito, a falta de investimento na educação também me adoece. Eu sei o que a educação promove e promoveu aos meus filhos. Hoje ele fala três idiomas fluentes. Isso concretamente me prova que o estudo e o investimento no povo brasileiro deveriam ser levados mais a sério.
E agora, vamos falar sobre o seu novo disco. “Quando deixamos nossos beijos na esquina” é primeiro álbum depois de “Segue o som”, de 2014. Ou seja, foi um intervalo de 5 anos sem lançar disco novo? Esse lapso temporal teve algum motivo em especial? Durante todo esse tempo, você já estava preparando esse trabalho atual?
Na verdade não houve esse lapso, eu não fiquei parada. Teve o DVD “Caixinha de Música”, que foi um projeto prazeroso e trabalhoso demais. E teve “Delicadeza”, que também era um outro show. Eu fiz “Quando Deixamos Nossos Beijos Na Esquina” em dois meses e meio, um tempo relativamente curto para produções assim.
É um disco só com canções autorais, confere? As músicas convergem para um mesmo sentimento, para um mesmo tema?
Sim, é o disco mais autoral de todos. “Quando Deixamos Nossos Beijos Na Esquina” traz personagens separados, mas que fazem parte de uma exposição, de um beijo cheio de sentimento, em um momento em que as pessoas não dialogam mais. Não suportam que o outro pense diferente, como se isso fosse até uma ofensa pessoal. É um disco sobre isso, junto com uma comemoração do amor, um pedido de amor, crônicas de um cotidiano brasileiro que me incomodam e me aliviam.
É o seu primeiro álbum como produtora musical, inclusive, com arranjos propostos por você mesma. O que te levou a querer dirigir de perto a elaboração desse novo disco? Era uma inquietação antiga?
Eu sempre acreditei que eu pudesse fazer algo assim, com produção própria. Senti que essa era a hora.
A turnê, claro, também traz seus grandes sucessos, como “Ai, Ai”, “Amado”, “Gente Feliz”, “Boa Sorte/Good Luck”, “Não Me Deixe Só” e “Ainda Bem”. São canções que, se não forem cantadas, o público reclama, né?
O público pede sempre, é verdade. A turnê traz as músicas do novo disco, mas não deixo jamais de cantar essas que são tão queridas e pedidas por ele.
Já faz alguns anos que você não volta para Alagoas. Qual é a expectativa para esse show aqui em Maceió? O que os seus fãs podem esperar desse espetáculo?
Esse show é cheio de novidade. Além da apresentação musical, o cenário e a direção também são meus. A expectativa é altíssima. Adoro Alagoas. Venham todos me ver e assistir ao show, que está belíssimo.