Leoni volta a Maceió com o show “Ao seu lado”, no Minha Casa Restobar, no próximo dia 22
Em nova turnê, cantor e compositor carioca vai reviver as principais canções que embalaram seus quase 38 anos de carreira, inclusive, aquelas que fizeram mais sucesso quando o artista ainda integrava as bandas Heróis da Resistência e Kid Abelha.
Janaina Ribeiro / Repórter
“Fixação”, “Só pro meu prazer”, “Garotos”, “Os outros”, “Como eu quero”, “A fórmula do amor”… Está com saudade de ouvir essas canções de Leoni? Então, você já tem dia e hora marcados para curtir o show desse cantor e compositor carioca que voltará a Alagoas no próximo dia 22, a partir das 23h. Ele será a primeira atração nacional do Minha Casa Restobar, bar e restaurante localizado na Cidade Universitária, na parte alta da cidade. Em parceria com a LS Entretenimento, o evento acontecerá para comemorar o 1º ano de sucesso da Casa.
E o #Notícias40Graus, claro, conversou com Leoni. Com mais de 37 anos de carreira e um currículo de dar inveja a qualquer artista brasileiro, o cantor falou sobre essas quase quadro décadas de estrada, a sua passagem pelos Heróis da Resistência e Kid Abelha, os maiores sucessos que embalaram sua trajetória musical, como tem lidado com o universo da internet e das redes sociais e, como não poderia deixar de ser, falou também a respeito da expectativa para o show “Ao seu lado”, que acontecerá aqui na capital alagoana: “Estou muito animado com minha volta a Maceió. Para minha alegria, tenho ido à cidade como uma certa frequência. Por mim, iria todo mês”, disse ele. É muito amor, não é não?!
Confira, abaixo, como foi esse bate-papo!
1. Desde Kid Abelha, passando por Heróis da Resistência, e chegando a sua carreira solo, já são 38 anos de palco. Como você resumiria essas quase quatro décadas de história na música brasileira?
O resumo de tantas experiências e emoções é completamente impossível. Mesmo olhando para trás, quando tudo já parece ganhar algum sentido, não consigo organizar esse turbilhão de emoções.
São duas bandas muito bem-sucedidas, um repertório imenso, uma coleção de parceiros incríveis, de situações maravilhosas (Rock in Rio 85, discos de ouro, encontros com ídolos), entremeadas por algumas bem difíceis (separações artísticas, brigas, fracassos). Enfim, a vida na música me deu muito mais do que eu poderia imaginar. Por conta dela viajei o Brasil inteiro, conheço todas as capitais, uma quantidade indecente de cidades, pessoas, hotéis, paisagens, sabores, casas de show, estradas e aeroportos.
2. Como foi para você, começar a cantar sozinho, depois do fim da banda Heróis da Resistência?
Confesso que fiquei com um certo medo de partir para a luta da vida sem parceiros. Tudo foi diferente. Primeiro porque meu disco solo era muito mais pop, eletrônico e dançante que o Heróis Três, depois porque foi gravado dentro do meu apartamento, em 1992, sem as pressões costumeiras de tempo que os estúdios trazem. E tudo foi bastante difícil a partir daí.
3. Quando lançou sua carreira solo, a canção Garotos II ficou estourada, por meses, nas paradas de sucesso. O que te inspirou a fazer essa composição, já que estava numa nova fase profissional? Foi a vontade de querer fazer dar certo o projeto de cantor independente? Ou foi uma feliz coincidência?
“Garotos II” foi uma “resposta” a “Garotos”, lançada no Educação Sentimental (1985), que reclamava dos homens por evitarem o comprometimento nas relações amorosas, por serem rasos emocionalmente. O “outro lado”, que dá uma explicação para essas críticas, é a pouca intimidade que os homens têm com seus sentimentos, por conta da nossa sociedade machista, o que nos infantiliza e nos obriga a sempre dizer sim ao desejo feminino para não sermos considerados menos masculinos. Uma bobagem sem tamanho que a gente vem desconstruindo por conta das mulheres e do feminismo. A canção já existia antes do final dos Heróis, mas a banda acabou e ela virou o grande sucesso do meu primeiro álbum solo.
4. Muitos dos grandes sucessos de Kid Abelha são de sua autoria, a exemplo de “Fixação”, “Só pro Meu Prazer”, “Como eu Quero” e “A Fórmula do Amor”. Foi para mostrar ao Brasil a sua contribuição à MPB que você lançou o álbum Áudio-Retrato, não foi? Para que as pessoas soubessem que essas músicas tão famosas foram feitas por você?
Eu brincava na época dizendo que Áudio-Retrato (2003), mais que um disco, era uma reintegração de posse. Ser compositor no Brasil não dá muita visibilidade. Quando eu ia fazer meus shows solo, com as minhas músicas, muita gente achava que era um show de covers. Diziam: “Que legal que você tocou Cazuza, Leo Jaime, Kid Abelha! Toca 14 Bis e Capital!” Somado a isso, a Som Livre uma vez tinha me convidado para lançar uma coletânea numa série que eles tinham chamada “Perfil”. Só que não deu porque boa parte das minhas canções não tinham sido gravadas por mim. Ou eram faixas de discos das minhas bandas ou tinham sido gravadas por outros intérpretes. Daí inventei esse formato, baseado no violão e na voz, pois foi assim que essas canções foram compostas. Quanta gente veio me dizer surpresa que não imaginava que “Exagerado” fosse minha também.
5. Inclusive, foi esse mesmo trabalho que te levou a gravar um DVD ao vivo, em 2005, o que acabou rendendo-lhe um disco de ouro. Como foi esse momento da sua carreira?
Foi uma surpresa maravilhosa. O álbum que continha “Garotos II” teve muita execução, mas a vendagem não foi tão boa, o que gerou o fim do meu contrato com a EMI e um jejum de quase 10 anos sem lançar nada. Em 2002 lancei um disco independente, o “Você sabe o que eu quero dizer”, e foi um fracasso de venda. Lançar disco independente antes da internet 2.0 era uma luta inglória. Muitas de suas canções, durante a turnê do Ao vivo passaram a fazer bastante sucesso, como “Melhor pra mim”, “Temporada das flores”, “Fotografia” e “As cartas que eu não mando”. O Áudio-Retrato já tinha conseguido uma ótima visibilidade – até porque eu fui para a estrada quase sem nenhuma estrutura, para fazer a maior quantidade de shows que desse. Por conta disso, a própria Som Livre me sugeriu a gravação do DVD. Seu lançamento coincidiu com a entrada de “Por que não eu?” numa novela e o que era sucesso virou estouro. Cheguei a fazer 18 shows num mês, o que me provocou uma estafa.
6. Você teve grandes parceiros de composições. Cazuza, Herbert Vianna, Leo Jaime, Ney Matogrosso, Paulinho Moska. Como se deram essas parcerias? E há novas previstas para breve?
Minha maior alegria na música são meus parceiros. Se eu admiro um(a) artista, mais do que virar amigo, quero ser parceiro. A lista é enorme, indo desde gerações mais novas, como a galera dos Móveis Coloniais de Acaju e o Fernando Anitelli do Teatro Mágico, até meus ídolos de juventude, como Ivan Lins. A lista aumenta sempre. Espero, em breve, terminar uma parceria com o Henrique Portugal do Skank, e dei letras para Macalé e Guilherme Arantes. Estou esperando ansioso pelo resultado.
7. Há alguns anos, você lançou um concurso para que um fã pudesse compor junto contigo. Como surgiu essa ideia? E que retorno esse tipo de aproximação com o público te rendeu? Ainda hoje seu contato com ele funciona bem?
As coisas na internet mudaram muito e as redes sociais, em vez de aproximar mais, acabou tornando tudo menos pessoal, menos afetivo e mais polarizado. Quando o contato era feito pelo site, havia uma efervescência que se desfez. A principal causa disso são os algoritmos das redes, que classificam e dividem as pessoas. Um post numa página só é entregue para uma porcentagem mínima da base, e não necessariamente para quem está mais interessado no assunto abordado. Hoje, a ideia do concurso de composição está inviável e o resultado seria completamente outro. As relações virtuais se multiplicaram, se profissionalizaram e perderam a proximidade.
8. Em que fase atual o Leoni está? Tem algum trabalho sendo produzido? Há canções sendo compostas?
Ando em fase de repensar a carreira. Depois de 37 anos de atividade musical, tento analisar o que ainda me move, o que me faz seguir tocando e compondo. Trabalhar com arte, para mim, é um eterno desafio emocional. Sem isso não tem graça, não faz sentido. O negócio da música mudou muito, os CDs perderam importância, a música se renovou com o rap, o funk, as muitas misturas de gênero, os clipes se tornaram indispensáveis. Fico pensando em qual o meu papel nessa nova realidade, que contribuição eu gostaria de dar. Não paro nunca, continuo fazendo shows e compondo, mas quero, no futuro trazer mais que a música para meus shows. Minha experiência na Universidade tem me trazido muita informação e muita ideia nova, que eu gostaria de integrar às minhas performances.
9. E o que o público de Maceió pode esperar desse show do dia 22?
O show de Maceió será uma celebração do encontro. As canções em formato violão e voz ganham uma comunicação muito grande, viram conversas íntimas com a plateia. Além das minhas músicas mais conhecidas, vou tocar alguns covers importantes para mim, que podem ser bastante surpreendentes. Estou muito animado com minha volta a Maceió. Para minha alegria, tenho ido à cidade como uma certa frequência. Por mim, iria todo mês.
Serviço:
Show: LEONI – Ao seu lado!
Local: Minha Casa Restobar
Data: 22 de novembro, às 20h com banda convidada e, às 23h com Leoni
Ingressos: R$ 60,00 (meia-entrada ou ingresso social, levando 1kg de alimento), com vendas no Folia Brasil | Minha Casa Resto Bar | www.ingressodigital.com.br.