Projeto que preserva a memória afro-brasileira ganha destaque em Maceió
Ações realizadas através de emenda parlamentar, projeto beneficiou mais de 80 pessoas até agora
Beatriz Nunes
Preservar a memória afro-brasileira, por meio de um conjunto de oficinas e ações voltadas para o maracatu, forró, samba, reggae, atividade griot e rastafari. Este é o objetivo do Projeto Tradição Coletiva, que funciona por meio de oficinas realizadas em locais públicos, dentre eles: escolas públicas de ensino fundamental e médio, e em cursos da Universidade Federal de Alagoas.
O projeto, realizado através do Termo de Fomento firmado entre o Coletivo Maracatod@s e a Fundação Cultural Palmares, está entre os contemplados pela emenda 29730003, do deputado federal Paulão (PT) e que já ajudou a capacitar mais de 500 pessoas em Alagoas desde o início da sua execução, ainda em 2018.
Ao todo foram, mais de R$1 Mi distribuídos entre quatros projetos. Em seis anos e meio de mandato, a cultura é um pilar do mandato de Paulão em emendas voltadas para a cultura alagoana.
De acordo com Elida Miranda, integrante do Coletivo Maracatodos, somente as turmas da meta: Oficinas de Maracatu e Ritmos Afro já chegaram a beneficiar diretamente 80 pessoas e o projeto é de extrema importância por resgatar raízes da cultura. “O Projeto é fundamental porque viabiliza a as condições estruturais para o ensino e a práticas de ritmos oriundos de nossas raízes e tradições culturais, fazendo com que comunidades possam resgatar suas identidades, levando adiante esse conhecimento de forma dinâmica e criativa”.
Elida reforça, ainda, que vale destacar que vários participantes da oficina se integraram ao Coletivo e desfilaram nas prévias de carnaval da capital. O Coletivo Maracatodos completa 8 anos de existência no próximo dia 20.
“Desde 1912 quando ocorreu um episódio marcado na história do estado como ‘Quebra de Xangô’ a prática de Maracatu, ritmos e religiões afro foram tratadas com extrema violência e a seguir criminalizadas. Atualmente há um forte e plural movimento de retomada dessas manifestações culturais para a retomada da identidade e sentido de pertencimento do povo alagoano”, destaca Elida.
As ações
As ações, em sua maioria oficinas, são, por si só, elementos de formação do cidadão, cujo conhecimento deverá ser utilizado como ferramenta de consciência, crescimento individual e coletivo, seja na perspectiva subjetiva, como na objetiva, por meio de atividades de empreendedorismo e de movimentação da cadeira produtiva da cultura. As ações se constituirão como elementos chave para a difusão e incentivo à produção da arte alagoana.
O projeto contempla crianças de 0 a 11 anos, adolescentes e Jovens de 12 a 29 anos, adultos: 30 a 59 anos e idosos: maior de 60 anos. Ou seja, é diverso e atinge todas as faixas etárias. Entre as áreas e segmentos que o projeto atua, estão intercâmbio e residências artístico-culturais; cultura e educação e conhecimentos tradicionais.
Além destes, ainda fazem parte da estratégia trabalhar a cultura e direitos humanos; memória e patrimônio cultural; cultura e meio ambiente e cultura e juventude. Tudo isso através de música popular e música instrumental
O Projeto Tradição Coletiva visa explorar diversos eixos da cultura afro-alagoana e afro-brasileira, pelo viés de diversos ritmos e expressões, como o Samba, o Forró, o Reggae, o saber Griot e o Maracatu. Segundo Sandro Regueira, “o povo negro vem lutando secularmente contra a perseguição, a escravidão, o preconceito racial e a intolerância religiosa. Sobrevivendo em um ambiente de clima adverso, de insegurança e injustiçamento histórico”.
Defesa dos direitos históricos
“É importante a formação em defesa de direitos históricos, pela preservação a celebração da resistência, preservação da memória e ampliação do intercâmbio de saberes com outros segmentos da sociedade”, afirma Sandro Regueira, produtor executivo dos projetos “Tradição Coletiva”, “Cultura Coletiva”, “Toque Coletivo” e “Arte Coletivo”.
O projeto destaca que Maceió hoje ocupa os rankings internacionais de violência, dentro desse quadro a discriminação e racismo fazem dos jovens da periferia, em especial os negros, as principais vítimas da violência.
“Os grupos culturais representam um nicho de resistência cultural dentro da sociedade, em especial nos bairros da periferia, relegados pelas autoridades e evitados pela sociedade. A violência e a falta de perspectiva dos jovens são problemas enfrentados na comunidade. As ações culturais nascidas por diversos ritmos afro-brasileiros, como o forró, o reggae, o maracatu e o samba, contribuem para a diminuição do sofrimento e da violência na comunidade, sendo uma alternativa de atividade aos jovens de lá, seja no viés da formação, seja no viés do escasso entretenimento sintomático aos menos favorecidos.”, finaliza Regueira.