Fotógrafo Roger Silva ganha concurso promovido pelo “EL PAÍS”

A série de autorretratos Banzo, produzida na periferia de Maceió, ocupou o primeiro lugar da microbolsa “EL PAÍS” e Artisan. As fotos falam sobre as dores e angústias da população negra em tempos de isolamento social

Assessoria de Comunicação / Wilson Smith

Fotógrafo Roger Silva ganha concurso promovido pelo “EL PAÍS”

Historiador, professor de História e fotógrafo por amor e prazer de registrar fragmentos da vida cotidiana, Roger Silva, hoje aos 40 anos, começou a aflorar. Seu encanto pela fotografia surgiu ainda na infância, quando aos 12 anos visitou uma loja de revelação no Centro de Maceió acompanhado de seu pai, que trabalhava como padeiro na cidade. A fotografia de Roger Silva carrega consigo um olhar para as minorias, as imagens que ele produz são reflexos do seu interior e das suas vivências.

Natural de Barreiros, município de Pernambuco, mas radicado em Alagoas desde os 15 anos, atualmente residindo no Eustáquio Gomes, o fotógrafo foi destaque na edição brasileira do renomado jornal espanhol “EL PAÍS” no último domingo (23/08), eleito como vencedor da microbolsa de fotojornalismo “A Covid-19 nas Periferias do Brasil”, oferecida pelo veículo em parceria com a editora de livros de fotografia Artisan Raw Books, apoiado pelo Favela em Pauta.

O concurso era destinado a fotógrafos independentes com ensaios que retratassem a vida cotidiana da periferia durante a pandemia do novo coronavírus.  O trabalho premiado foi a série de autorretratos Banzo, que se sobrepôs aos 135 inscritos de todo país, a obra tem como narrativa as dores e angústias da população negra periférica em tempos de isolamento social. A conquista é um marco que dá ênfase ao seu talento e dedicação. Roger começou a trabalhar aos 10 anos, ainda no interior de Pernambuco para ajudar sua família e em 2002 com a morte de seu pai assumiu a função de provedor dos irmãos ao lado de sua mãe.

A fotografia ganhou ainda mais significado e profundidade dos sentidos quando ele ingressou em 2013 no curso de História na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Paralelo as aulas em escolas privadas e trabalhos como adesivador Roger produz seus projetos fotográficos e são com eles que se realiza. O cenário pandêmico rendeu três séries: Casulo, Metamorfose e Banzo, sendo o último responsável pelo prêmio: “Banzo é um manifesto imagético sobre nossas dores e lutas por sobrevivência”, pontua. O nome do trabalho, Banzo, significa “afetado por tristeza; que revela abatimento”. “É uma expressão usada pelos africanos escravizados no Brasil, que diziam estar banzos quando tinham tristeza ou saudades da sua terra”, explica o autor.

As máscaras usadas no ensaio, segundo Silva, são alegorias dos medos, angustias e dores da população negra que vive nas áreas mais carentes durante a pandemia. “Estamos isolados na quarentena, mas isso também é uma questão histórica. Somos banzos desde muito tempo. A pandemia só aprofundou isso”, reforça. Roger Silva tem como traço da sua fotografia o preto e branco, mas suas imagens vão além da ausência de cores, cada click reflete sobre a realidade que ultrapassa a forma.

Serviço:

O portfólio do artista, seus projetos e ações estão disponíveis em seu Instagram @rogersilvafotos. Na rede social também estão os contatos para agendamentos de ensaios e compras das fotografias.

Link da públicação no EL PAÍS: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-23/o-negro-esta-isolado-ha-muito-tempo-a-pandemia-so-aprofundou-isso-diz-vencedor-de-concurso.html

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