Atrizes contam sobre clima tóxico criado por Marcius Melhem na Globo
Georgiana Góes e Veronica Debom contam pela primeira vez sobre assédios moral e sexual que de que acusam Marcius Melhem
O ambiente de trabalho sob a gestão de Marcius Melhem, acusado de assédio sexual e moral por ex-funcionárias do Núcleo de Humor da Globo, era de um clima de um constrangimento que demorava a ser percebido como tóxico, segundo atrizes que o acusam e, pela primeira vez, deram entrevistas sobre o caso.
Nesta sexta-feira (24/3), a coluna traz uma entrevista exclusiva com as mulheres que acusam Marcius Melhem de assédio sexual e moral. Foram ouvidas 11 pessoas que integraram ou integram a área de humor da TV Globo, que relatam algumas das experiências que viveram ao lado do ator.
Para a atriz Georgiana Góes, que trabalhou no Núcleo de Humor que Marcius Melhem comandava, o ambiente de trabalho era, num primeiro momento, percebido como divertido, mas, com o tempo, permeado por um constrangimento que “não era normal”.
“Eu acho que a toxicidade estava em uma outra camada, que, no meu caso, eu demorei um bom tempo para identificar que era tóxico e que aquele constrangimento que eu senti em determinados momentos não é normal”, contou Góes à coluna.
A atriz Veronica Debom, que atuou em diversos programas de humor da Globo, concordou que o ambiente de trabalho criado por Marcius era abusivo. Ela ainda acusou o ator de não dar os créditos dos funcionários em alguns projetos. “Ele detonava a nossa autoestima para manter todo mundo sob controle”, disse.
De acordo com os relatos, o ambiente tóxico levou alguns funcionários a passarem meses afastados. A roteirista Carolina Warchavsky entrou na TV Globo logo após se formar da faculdade e estava empolgada para começar o emprego como assistente de roteiro do Núcleo de Humor da emissora. Mas após alguns meses trabalhando com Marcius, sabendo dos relatos de assédio sexual que ele teria cometido, Warchavsky teve ataques de pânico. Após a denúncia da atriz Dani Calabresa ao compliance da Globo virar notícia na imprensa, a roteirista precisou tirar uma licença médica. “Precisei entrar no INSS e fiquei em casa uns três meses. Foi um processo muito difícil”, conta.
“Quando eu entrei na redação, eu entendi que o ambiente era muito tóxico, mas ao mesmo tempo era o lugar que eu mais queria estar. Então, foi muito confuso para mim. As pessoas que estavam há mais tempo já entendiam um pouco como funcionava e como jogar com ele também”, lembrou.
Confira trecho da entrevista
(Colaboraram Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e Natália Portinari)