Dia da Consciência Negra é marcado por homenagens na Serra da Barriga
“Omuluá”. “Kaabo”. As expressões em Iorubá, idioma e religião de um dos maiores grupos étnicos da África Ocidental, anunciavam, junto ao amanhecer do dia, os desejos dos religiosos que recebiam em festa (e flores) as centenas de visitantes que chegavam à Serra da Barriga, em União dos Palmares, para as celebrações deste domingo (20): “Venham […]
“Omuluá”. “Kaabo”. As expressões em Iorubá, idioma e religião de um dos maiores grupos étnicos da África Ocidental, anunciavam, junto ao amanhecer do dia, os desejos dos religiosos que recebiam em festa (e flores) as centenas de visitantes que chegavam à Serra da Barriga, em União dos Palmares, para as celebrações deste domingo (20): “Venham à sua casa. Sejam bem-vindos!”.
Em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, turistas, estudantes e religiosos participaram, no Parque Memorial Quilombo, de uma extensa programação que homenageou a luta de Zumbi dos Palmares e a resistência do povo negro brasileiro.
Reconhecendo a oportunidade de estarem em solo sagrado e com energia ancestral, carregado de história e pertencimento, os visitantes se dividem para acompanhar as rodas de capoeiras, apresentações musicais, cerimônias religiosas e atividades que acontecem simultaneamente.
De acordo com Vera Maria, visitante de Maceió, de 65 anos, o momento representa uma oportunidade única de conhecer a diversidade de manifestações culturais presentes na trajetória do povo brasileiro.,
“Apesar de ser de Alagoas, é a primeira vez que visito a Serra e estou encantada. Acho importantíssimo conhecer a festa, as manifestações culturais que existem no Estado e, mais que isso, celebrar o Dia da Consciência Negra. Com certeza irei voltar outras vezes”, afirma Vera Maria.
O 20 de novembro possui ainda mais importância para Marianita Soares, de 54 anos, e que desde os 15 anos – quando foi iniciada nas religiões de matriz africana – acorda ainda de madrugada para subir a Serra da Barriga como manifestação de fé e respeito à história afro-brasileira.
“Fico feliz de ver que hoje as pessoas visitam nossa festa, têm interesse de conhecer. Antes isso aqui não tinha quase nada, era só terra e ficava só a gente, os religiosos, celebrando nossos orixás e pedindo proteção para estarmos aqui no próximo ano novamente. Hoje, as pessoas fazem questão de participar dessa festa”, comemora Marianita.
Presente nas comemorações, o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Helder Lima, destacou a importância e valorização de ações voltadas para promoção da cultura negra em Alagoas.
“A cultura negra merece ser celebrada e enaltecida durante todo ano, mas é em novembro que ela ganha uma evidência especial. Temos a obrigação de nos espelhar em uma história de luta por uma identidade como essa. Participar dessa festa me deixa honrado”, comemorou o secretário.
A solenidade contou, ainda, com a presença do Ministro do Turismo, Marx Beltrão, o vice-governador, Luciano Barbosa, e o secretário de Estado da Comunicação, Ênio Lins.