Fertilização com três DNAs é legalizada no Reino Unido. Entenda o caso
Procedimento foi autorizado como medida preventiva contra a transmissão de doenças mitocondriais
4Com / Manu Ferreira
Um dos benefícios trazidos pelo avanço da tecnologia foi, sem dúvidas, o desenvolvimento da medicina. Agora através de estudos e pesquisas já é possível realizar diversos procedimentos antes inimagináveis para melhorar a saúde, tratar e evitar o aparecimento de doenças. A todo o momento surgem novos mecanismos inovadores. Recentemente, uma técnica considerada polêmica para a fertilização foi legalizada no Reino Unido. Trata-se da fertilização in vitro de crianças utilizando DNAs de três pessoas diferentes.
O Reino Unido foi o primeiro país a legalizar a técnica. A licença foi concedida pela Autoridade para Fertilização e Embriologia Humana (HFEA) em dezembro do ano passado. No procedimento, além de receber o DNA da mãe e do pai, o bebê também poderá receber uma pequena quantidade de DNA mitocondrial saudável de outra doadora. A estratégia foi autorizada para evitar a transmissão de doenças hereditárias graves, como miopatia, surdez, cegueira, microcefalia, oftalmoplegia, Síndrome de Leigh, entre outras, que são causadas por alterações nas mitocôndrias.
As mitocôndrias são a fonte de energia das células. Falhas nessas estruturas podem levar a doenças que variam de nível leve a fatal. De acordo com o andrologista Filipe Tenório, especializado em fertilização pela Weill Cornell Medical College, em Nova Iorque, o DNA mitocondrial é herdado apenas da mãe. Com isso, as mulheres correm o risco de transmitir problemas graves a seus filhos.
A legalização gerou polêmica porque algumas entidades alegam que a norma abre a porta para bebês geneticamente modificados. Entretanto, outros especialistas garantem que a técnica vai beneficiar muitos pacientes que esperam por este tratamento. “A autorização significa um avanço para a ciência. A partir dela poderão ser realizados novos estudos para aperfeiçoamento”, afirma Tenório.