Shonda Rhimes é produtora de televisão, roteirista e escritora norte-americana. Responsável por vários sucessos estrondosos, Shonda domina as noites de quinta-feira no canal ABC (emissora de TV americana) com a exibição de suas três séries atuais: Grey’s Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder, que lideram a audiência e causam alvoroço nas redes sociais. O que essas séries têm em comum, além de serem séries da Shondaland (selo da produtora de Rhimes), é que todas são estreladas por mulheres, e a diversidade no elenco e em seus personagens é inegável e explícita.

Rhimes quebrou parâmetros com suas produções. Scandal e How to Get Away with Murder tem como protagonistas mulheres negras e influentes: Olivia Pope (Kerry Washington), que abre sua empresa após deixar o trabalho na Casa Branca, mas não consegue se desvincular totalmente do passado profissional por ter um relacionamento com o Presidente, e Annalise Keating (Viola Davis), professora de direito criminal, brilhante e imprevisível. Mulheres empoderadas, complexas e tridimensionais.

Após trabalharem com Shonda, Kerry conquistou duas indicações ao Emmy e uma ao Globo de Ouro, e Viola foi a primeira atriz negra da história a levar um Emmy na categoria de Melhor Atriz em Série Dramática. “A única coisa que separa mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade”, desabafou Viola em seu discurso. Shonda é feminista, e coloca o movimento em pauta com Grey’s Anatomy desde 2005. A série está no ar há 13 anos (e a nova temporada já foi renovada pela emissora!).

A sexualidade dos personagens nas produções é apenas uma característica, não o que os define, e isso não é abordado de forma estereotipada. Em How to Get Away With Murder temos o personagem de Connor Walsh (Jack Falahee), que é assumidamente gay e se tornou um ícone LGBT da televisão, e em Scandal temos Cyrus Beene (Jeff Perry), o primeiro Chefe de Gabinete gay dos EUA.

Karla Souza, atriz que interpreta Laurel Castillo em How to Get Away with Murder é latina, assim como sua personagem na série de TV. Só que quando Karla foi escalada para o elenco, a personagem não era latina. “Depois que Pete [co-criador da série] e Shonda conversaram comigo sobre torna-la latina, foi muito importante que isso não se tornasse o rótulo da personagem. Simplesmente aconteceu de Laurel ser latina, e isso é descoberto apenas na segunda temporada.”

Mesmo sendo considerada um dos principais vetores da reforma social que vem acontecendo na plataforma, após ser honrada em uma Campanha de Direitos Humanos pela inclusão da comunidade LGBT, Shonda deixou claro que odeia a palavra “diversidade”. Ela não sente que há algo incomum sobre contar histórias de mulheres, pessoas negras e personagens LGBT na televisão. “Eu tenho uma palavra diferente: normalizar. Estou fazendo a televisão parecer mais com o mundo real.”

Por George Arroxelas Neto (Expresso Comunicação)