Israel tem projeto para erguer parque estilo Disney no deserto
Investidores já se organizam para criar parque com atrações ligadas a valores humanos, na cidade de Dimona, nas areias do Neguev.
R7
Um parque do tipo Disney World pode agora chegar a Israel. A ideia das autoridades é, nos próximos anos, mudar a imagem do país para o mundo, aproveitando-se do turismo para começar a realçar um lado alegre no espírito israelense, em contraponto ao estilo pragmático que já se tornou um estereótipo de boa parte da população.
Um projeto com layout semelhante ao do Magic Kingdom, na Flórida, já está sendo desenvolvido por um grupo de empresários americanos, segundo o Channel 10 News. Eles já se reuniram com funcionários de Israel e apresentaram a ideia de desenvolver um parque de diversões na cidade de Dimona, no deserto do Neguev, sul do país.
Lea Malul, CEO da Pla-im, organização que está por trás da iniciativa, confirmou, ao The Jerusalem Post, a existência de conversas para que o projeto se realize. E destacou que o planejamento está em um “estágio avançado”.
— Nós somos muito bons em muitas coisas em Israel, hi-tech, medicina. Acho que também é hora de sermos bons em algo divertido.
Muito do que ela diz pode ser visto nas praias do país, onde, por algum recato ligado possivelmente a algum tipo de tristeza, não prevalece tanto a exuberância de corpos ou a descontração típicas de outros locais, como o Brasil.
Há até o formato que o parque terá, com base no conceito da Disney de dividir seus complexos em Terra da Aventura, Terra da Fronteira, Terra da Fantasia e Terra do Amanhã. Em Israel, o “Park of Wonders”, nome inicial do projeto, teria 25 hectares cinco atrações temáticas: Oásis, Mundo dos espíritos, Mundo da nação judaica, Mundo da sociedade e Mundo de tempo.
Valores humanos
A história de Israel, portanto, deverá ser o pano de fundo. Com personagens alternativos, substituindo os tradicionais da Disney. E tentando passar uma mensagem judaica, mas também universal, de acordo com Malul.
— O parque não terá nada a ver com histórias da Bíblia ou mitzvá (boa ação), mas sim deve refletir “a vida e o que nos rodeia de valores que não são apenas judeus, mas universais.
A ideia do parque partiu do rabino Eli Taragin, de New Jersey, que visitou a Disney World quando criança com os avós, e passou a sonhar com a montagem de algo similar em Israel.
Um embrião desse projeto pode ser visto há até pouco tempo no Museu da Diáspora, em Tel Aviv, por meio de uma exposição interativa para crianças, na qual elas conheciam por meio de ilustrações os principais personagens judeus que ajudaram a escrever a história em várias áreas: cultura, esporte, economia, medicina e física, entre outras. Malul aposta que o processo será bem-sucedido.
— O parque terá os mesmos passeios e o mesmo layout da Disneyland, mas com conteúdo. Será 90% de divertimento e 10% de conteúdo.
Um investidor privado já colocou cerca de 1,5 milhão de dólares no projeto, ao longo dos últimos três anos. Existem outros investidores, segundo Malul, alinhados para financiar um total de 400 milhões de dólares, nos próximos anos.
Avi Hilki, CEO da Calcalit, dem contato com o órgão executivo no município de Dimona, revelou que a prefeitura reservou uma parte do território para iniciativas que atraiam os visitantes, para que haja um renovado interesse em atravessar o país pelo Neguev, em direção a Massada, Mar Morto ou às praias de Eilat no Sul. E futuramente, quem sabe, ao complexo, que deverá ter também shoppings, hotéis e outras atrações, em 100 hectares.
— Todos os anos, há cerca de 4 milhões de carros passando na rota de Beersheba para Eilat e Dimona. Queremos fazer de Dimona um lugar onde eles venham visitar.
Em 2017, Israel obteve uma marca recorde, atraindo cerca de 3,6 milhões de turistas, um aumento de 25% em relação a 2016, segundo o Ministério do Turismo local. Com isso, cerca de 6 bilhões de dólares a mais foram injetados na economia do país. Destes turistas, 54% são cristãos e 59% visitaram o país pela primeira vez. Dois ideais agora podem se juntar nesta nação feita de sonhos: o de Ben-Gurion, que sonhou com um Estado, e o de Walt Disney, que sempre valorizou a imaginação.