15ª Semana Nacional de Museus
A Semana de Museus provoca a realização de numerosos eventos em todo o Brasil.
Assessoria de Imprensa / Semana de Museus
A Semana Nacional de Museus acontece anualmente para comemorar o Dia Internacional de Museus (18 de maio), quando os museus brasileiros, convidados pelo Instituto Brasileiro de Museus – Ibram/ Ministério da Cultura, desenvolvem uma programação especial em prol dessa data. O tema norteador dos eventos é o proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Neste ano, a sua 15ª edição ocorrerá entre os dias 15 e 21 de maio, quando instituições museológicas de todo o país promoverão atividades em torno do tema Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus.
A Semana de Museus provoca a realização de numerosos eventos em todo o Brasil. Sua primeira edição aconteceu em 2003, quando contou com a participação de 57 museus, os quais realizaram cerca de 270 eventos. Em 2017, mais de mil museus estão participando e desenvolvendo aproximadamente e 3.000 atividades em todo o país.
A concertação de programações culturais enfatiza importância da Semana Nacional de Museus como instrumento de ampliação do acesso à cultura e de visibilidade dos museus. Essa ação é responsável pelo aumento de aproximadamente 80% do público nos museus do país durante sua realização. Com ela, fortalecemos a valorização e a existência dos museus no imaginário cotidiano, além de seguirmos juntos rumo à consolidação da democracia e da justiça social.
Data: de 15 a 21 de maio
Informações: 61 3521 4135 / 3521 4112/ [email protected]/ www.museus.gov.br
Realização: Instituto Brasileiro de Museus/ Ministério da Cultura
Sobre o tema
O tema Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus foi proposto pelo Conselho Internacional de Museus – ICOM, para as comemorações do Dia Internacional de Museus, celebrado em 18 de maio. Para nortear os museus, o Ibram, com colaboração de sua unidade museológica Museu Histórico Nacional/ Rio de Janeiro, construiu o seguinte texto sobre o tema:
Museus são espaços de estudo, pesquisa, educação, contemplação, lazer, diálogos e também de construção de histórias e narrativas museográficas. Ao articular memórias, essas instituições produzem discursos expográficos que articulam variadas linguagens e são apropriados pelo público de diferentes formas.
A maneira mais usual da memória ser transmitida é por narrativas, que são elaboradas por meio de um processo dialético entre esquecimento e lembrança, em que o “esquecer” tem um papel fundamental ao dar destaque àquilo que é “lembrado”. As narrativas são construídas tanto de silêncios quanto de sons, como ocorre com a música, que se apresenta como uma sequência ordenada de notas sonoras e pequenas pausas silenciosas. Assim como seria inaudível uma peça musical que contivesse todas as possibilidades sonoras existentes, seria ilegível uma narrativa que contivesse todas as histórias do mundo.
As narrativas, as histórias e também os discursos museológicos são construções sociais. Narrar o passado é reinventá-lo, é colocá-lo sob o filtro interpretativo de seu narrador, seja ele um livro, um jornal, uma pessoa, uma exposição, uma instituição.
Como pensar então as histórias contadas pelos museus? As narrativas museográficas são produzidas a partir de escolhas, disputas de poder e silêncios. Nelas estão contidos os usos de determinados passados, materializados nos objetos de acervo e circunstanciados pelos interesses do presente e daqueles que os narram. Tal seleção produz ausências e esquecimentos; é o que chamamos de “não dito”, típico das operações que configuram as escritas de histórias.
Por tempos, foi recorrente nos museus a seleção e a guarda de objetos representativos das memórias das chamadas classes dominantes, ocasionando esquecimentos e uma lacuna no acervo de peças que expressam os feitos daqueles que a escrita oficial da História e a narrativa tradicional da Museologia optaram por silenciar. Como exemplo, podemos citar a recorrente escolha em expor peças representativas da riqueza e do “bom gosto” em detrimento de objetos utilizados pelas chamadas classes populares, mesmo quando ambos estão ligados ao tema da instituição. Assim, o museu, que é um espaço de legitimação e valorização sociocultural, elenca e discrimina ao mesmo tempo, produz vozes e silêncios e define o que será colocado à vista. Entretanto, ao se abrirem para o diálogo com grupos sociais ausentes das narrativas museológicas tradicionais, as instituições começam a repensar o que foi imposto como verdade única. Com isso, preconceitos são confrontados e outras possibilidades de narrativas são levantadas.
Refletir sobre as ausências, contudo, não significa adotar como prática atulhar os museus de objetos e memórias, buscando preencher todas as lacunas e representando todas as versões e grupos sociais, segundo uma vontade insaciável de guardar e lembrar que se pretende total. Tal empreitada iria torná-los tão impossíveis como uma música sem pausas e silêncios, mais próxima ao barulho do rush citadino do que a precisa regência de um maestro. Antes, faz-se necessário pensar sobre os “não ditos” nos museus, tendo em mente as inúmeras possibilidades de construção museológica que essas instituições nos oferecem. Seus silêncios podem nos ajudar a pensar sobre a própria elaboração e representação do passado, bem como sobre os dispositivos de poder mobilizados na legitimação de memórias. E o grande desafio é articular os silêncios com as peças de acervos, de modo a construir ritmo e harmonia expográficos.
As histórias são construídas nas relações de poder e possuem múltiplas identidades, sendo passíveis de controversas e de diferentes versões. Partindo dessa premissa, o Instituto Brasileiro de Museus convida todas as instituições museológicas a uma reflexão sobre o tema Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus. Quais as histórias que nossos museus estão contando? Como eles colaboram para a construção ou para o questionamento das versões oficiais dos grupos dominantes? Quais outras histórias precisam ser lembradas? Como trabalhar na expografia o confronto entre lembranças e esquecimentos?