Aspectos hereditários impactam no câncer de próstata, alerta oncologista
O médico alerta sobre o perigo da doença muitas vezes não apresentar sintomas claro, sendo considerada muitas vezes como uma doença silenciosa.
Assessoria de Comunicação / Beatriz Nunes
A saúde do homem é o tema central deste mês de novembro. É durante este mês que o câncer de próstata – quarto tipo de câncer mais comum entre os homens, e o segundo mais letal – vira tema de campanha de prevenção. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), até o fim deste ano 560 novos casos de câncer de próstata podem ser contabilizados somente no estado de Alagoas.
De acordo com o Inca, o Brasil registra uma morte a cada 40 minutos em decorrência do câncer de próstata e mais de 14 mil mortes foram registradas em 2015. De acordo com o oncologista João Carlos Neiva, do Hapvida Saúde, o câncer de próstata está diretamente relacionado ao envelhecimento do homem, sendo assim esperado que com o passar dos anos alguns homens possam vir a desenvolver esta patologia.
“Aspectos hereditários tem um impacto significativo, sendo que os homens com parentes de primeiro grau que desenvolveram a doença, os riscos são maiores, bem como alguns fatores ambientais e sociais como obesidade e tabagismo, de alguma forma contribuem para o aumento da incidência desta patologia”, destacou o especialista.
Neiva explica, ainda, que inicialmente o câncer de próstata é assintomático, mas a partir do momento que a próstata aumenta de tamanho devido à presença do mesmo, sintomas urinários podem aparecer como dificuldade para iniciar ou finalizar a urina, gotejamento após o término da urina, redução do calibre e força do jato urinário e aumento da frequência da urina à noite.
“Devemos lembrar que estes não são sintomas exclusivos do câncer de próstata, doenças benignas como a hiperplasia prostática benigna, que é o aumento do tamanho da próstata sem a presença de tumor, pode também causar com os mesmos sintomas. Devido a isto, ao perceber estas alterações os homens devem procurar seu urologista de confiança”, diz o oncologista do Hapvida.
O médico alerta sobre o perigo da doença muitas vezes não apresentar sintomas claro, sendo considerada muitas vezes como uma doença silenciosa. “Pelo fato do câncer de próstata ser uma doença, às vezes, silenciosa, não infreqüente, algumas vezes só é possível dar o diagnóstico quando a doença se encontra em uma fase avançada com o aparecimento de dores ósseas, principalmente em quadril e coluna lombar. Neste caso, a doença não está mais localizada no órgão e já se disseminou como forma de metástases para os ossos”.
Quando o assunto é prevenção, Neiva orienta a manter os hábitos saudáveis, manter um ritmo regular de atividade física, evitar obesidade, consumir alimentos mais saudáveis, menos condimentados ou industrializados, não fumar e evitar excessos em todos os níveis. Segundo ele, “estas medidas básicas previnem a grande maioria das doenças mais prevalentes e mais fatais da nossa ‘era moderna’ como hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, infarto, AVC dentre outras, além de oferecer às pessoas uma melhor qualidade de vida”.
Diagnóstico
Sobre o diagnóstico, Neiva esclarece que o PSA (antígeno prostático específico) consegue em alguns casos oferecer um diagnóstico precoce. “Devemos salientar que a consulta médica com uma história bem colhida e avaliação de riscos hereditários e sociais se faz de extrema importância. O PSA isolado não trará serventia, o ideal é que ele seja realizado anualmente para identificar alteração ou variações nos seus valores e sempre deverá ser acompanhado do toque retal, tendo em vista que em até 20% dos tumores de próstata não observamos alteração no PSA, e neste caso os tumores tendem a ser mais agressivos, necessitando uma abordagem adequada o quanto mais precoce”, alerta.
E ainda destaca: “O toque retal oferecerá uma avaliação da textura do órgão que poderá ser diferente de um ano para o outro e assim chamar a atenção do urologista para uma possível patologia”.
Tratamento
O especialista explica que o tratamento vai depender de alguns fatores, como o estágio em que se encontra a doença, se o paciente tem alguma doença sistêmica ou outra que contra indique determinado tratamento e também, e não menos importante, o desejo do paciente.
“Geralmente, em um paciente hígido, sem doenças sistêmicas associadas e que compreenda bem o tratamento, a primeira opção pode ser a cirurgia. Quando realizamos a cirurgia, ao retirarmos a próstata doente, analisaremos de forma mais adequada a extensão da doença, em que estágio ela se encontra e se tem risco precoce ou não de retornar. A partir de então, poderemos apenas observar com dosagens do PSA a intervalos regulares, ou indicar para a radioterapia concomitantemente ou não ao bloqueio hormonal”, informa o oncologista.
O bloqueio hormonal é um dos tratamentos utilizados para pacientes com elevado risco de reaparecimento da doença ou para os pacientes com doença que já não se encontra mais restrita à próstata, o que eles chamam de doença avançada ou metastática. “O papel deste tratamento é bloquear a produção de testosterona, hormônio masculino, responsável não só pela manutenção da libido, ou seja desejo sexual, como também pela distribuição e características fisiológicas da muscular típica do homem, além de outras funções mais específicas”, finaliza o médico.