Bonner critica Bolsonaro pela segunda vez em menos de 1 mês

‘JN’ exibe longa matéria sobre ineficácia de medicamentos ‘receitados’ pelo presidente

Bonner critica Bolsonaro pela segunda vez em menos de 1 mês Alvo frequente de Bolsonaro, Bonner revida a seu modo: o 'JN' classifica o presidente como um 'problema' no combate à pandemia Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Na edição de sexta-feira (5), o ‘Jornal Nacional’ dedicou 10 minutos (tempo muito maior do que o habitual a uma matéria no telejornal) para desmantelar teoria de Jair Bolsonaro a respeito do uso de determinados remédios como tratamento precoce da covid-19.

“O laboratório Merck Sharp & Dohme, que fabrica o medicamento ivermectina, divulgou uma nota em que declara que não existe base científica que indique efeitos terapêuticos desse medicamento contra a covid em estudos pré-clínicos- ou seja: testes com cobaias, como camundongos, por exemplo”, introduziu William Bonner.

“O laboratório declarou, também, que não existe evidência significativa de eficácia clínica em pessoas que contraíram o coronavírus. A ivermectina é indicada para o combate de verminoses – piolho também. A Anvisa já declarou que o medicamento deve ser usado apenas para este fim, como consta na bula”, continuou o âncora.

“Mas o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde estimularam o consumo desse medicamento e de outros, que também não têm eficácia, como um suposto tratamento precoce da covid. E isso acabou se tornando um problema adicional para os médicos na pandemia”.

Na sequência, o repórter Ben-Hur Correia entrevistou médicos e cientistas para ressaltar a ineficácia de ivermectina, cloroquina e azitromicina no enfrentamento do coronavírus responsável, até agora, pela morte de 2,3 milhões de pessoas no planeta, sendo 230 mil no Brasil.

Na matéria seguinte do ‘JN’, com 3 minutos, o repórter Bruno Tavares destacou os efeitos negativos das fakes news sobre a covid-19 no trabalho e no emocional dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia.

Criticou-se os negacionistas, a disseminação de desinformação, as pessoas que furam os protocolos sanitários, quem defende “drogas milagrosas” e aqueles que são contra as vacinas. Bolsonaro não foi citado nominalmente. Nem precisava: a crítica velada ao presidente ficou óbvia.

O posicionamento de Bonner – que é editor-chefe do ‘JN’, ou seja, decide quais matérias serão produzidas e o tom da abordagem – reforça a oposição do jornalista em relação ao chefe do Executivo. Em 14 de janeiro, virou manchete na imprensa e repercutiu nas redes sociais seu desabafo diante das câmeras com indireta certeira ao ocupante do Palácio do Planalto.

“Nesse momento, infelizmente, além de dar as notícias corretas, nós estamos esgrimando com loucos, com irresponsáveis, com gente que é capas de entrar num WhatsApp da vida e ficar espalhando mentira a bel-prazer. Mas as mentiras mais absurdas. As mais absurdas. Crendices. Tem gente que faz isso investido de cargo público”.

A reprimenda aconteceu uma semana depois de Jair Bolsonaro ter xingado William Bonner de “sem-vergonha” e “maior canalha” durante conversa com apoiadores em Brasília. O apresentador do ‘JN’ não respondeu diretamente aos insultos.

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