Cantora e compositora Marina Melo lança “Soft Apocalipse”
Álbum de estreia vem recebendo elogios da crítica especializada
Com treze canções, e participação especial de Zeca Baleiro, o álbum faz uma crítica aguda a questões contemporâneas, mas também revela a delicadeza de temas íntimos da jovem artista paulistana
A cantautora Marina Melo apresenta seu primeiro disco, Soft Apocalipse. Produzido de forma independente, o álbum com treze canções já está disponível em serviços de streaming e para compra do CD físico pelo site oficial. O disco, com participação especial de Zeca Baleiro, vem recebendo atenção da crítica musical de importantes jornais e revistas do país.
O crítico musical Thales de Menezes, da Folha de São Paulo, define o trabalho como “um álbum agradavelmente inclassificável”. Já o crítico Tárik de Souza, da Carta Capital, escreve que “Marina Melo estreia em disco no qual conjuga a emissão certeira, cortante, com a língua afiada de suas letras”, e afirma, “o CD esculpe um perfil de intérprete autoral com diversificado domínio estético”. Livio Tragtenberg, no programa Som de Letra (rádio MEC FM) comenta a nova voz poética e musical “que surge na melhor linhagem de Itamar Assumpção e Luiz Tatit”.
Paulistana, 25 anos, Marina escreve desde pequena e iniciou os estudos de canto e violão na adolescência. Quando descobriu que podia amplificar suas palavras, unindo-as com a música,passou a compor apaixonadamente.
O produtor musical Gabriel Serapicos propôs a gravação de um álbum assim que conheceu o trabalho da artista, iniciando com ela um laboratório intenso de criação de arranjos. O processo foi coroado por Zeca Baleiro, que faz participação especial em uma das faixas.
INTELIGÊNCIA E BOM HUMOR
Com letras inteligentes e bem-humoradas, o disco apresenta músicas que trazem tanto uma crítica aguda de questões contemporâneas quanto a delicadeza de temas íntimos da compositora. Os arranjos transitam por diferentes estilos musicais, que vão do rock ao baião, da calmaria à apoteose. Essa ambivalência, presente no nome Soft Apocalipse, ressalta também a versatilidade de Marina como performer, que leva sua voz do balbucio ao grito, da dor ao riso.
A canção Laura, que brada contra a violência sofrida por mulheres, tem interpretação e arranjo agressivos com letra inspirada pelos movimentos surgidos com a hashtag #meuprimeiroassedio. Essa canção forte do disco contrasta, por exemplo, com a suave Sol de Sábado ou as divertidasDesditos e Sala de Concerto.
Saudade, música de trabalho, reúne algumas das principais marcas da artista. Além de tratar de forma inusitada deste sentimento tão comum (“ando com bafo de saudade/ com soluço de saudade/ bronquite de saudade”), revela o universo de Marina, ora calmo ora de revolta (“ando mijando na saudade/ dando na cara da saudade/ dizendo pra ela quem ela é”).
(SAIBA MAIS SOBRE AS FAIXAS ABAIXO)
SOFT APOCALIPSE – FAIXA A FAIXA
Saudade fala de um sentimento comum de forma inusitada: a saudade se transforma em bocejo, é requentada e leva pontapé. A interpretação também surpreende: o que começa sereno vira revolta na voz, na letra e no arranjo.
Dever Cívico é uma ironia sobre a crise hídrica vivida pelo estado de São Paulo nos últimos anos. A música, em batida de baião, incentiva as pessoas a comemorem as situações caóticas ou de desconforto causadas pela chuva.
Rebouças narra uma visita ficcional de Marina ao apartamento onde moraram seus tios e a avó, que havia acabado de falecer quando a música foi escrita. É uma forma de matar a saudade de um passado que ela não viveu.
Valsa da Barata descreve uma situação insólita: o que fazer quando há uma barata no cabelo de alguém cantando? A escolha é não avisar para não interromper a potência do canto. A harmonia foi feita com Guilherme Aranha.
Laura foi feita na semana da campanha #primeiroassedio nas redes sociais. Pela dificuldade de escolher como tratar musicalmente de temas tão espinhosos, como a violência à mulher, esta foi composição que levou mais tempo para ficar pronta. Com arranjo rock'n roll, termina com os dizeres: “quando você rasga uma, você rasga todas nós/ você propaga a tragédia e ainda me chama de meu bem/ isso não vai ficar assim!“.
Adultos é centrada na percepção de que adultos evitam olhar ou sorrir uns para os outros nas ruas, mas se derretem perante cachorros ou crianças. Zeca Baleiro canta o trecho final da canção.
Sol de Sábado é a música mais íntima de Soft Apocalipse. Com um arranjo de poucos elementos e cantada de forma delicada, traz cenas e impressões de uma história de amor.
Ra-Paz é livremente inspirada em “A Paz”, de Gilberto Gil e João Donato. Aqui, a paz cai como bomba, e isso se manifesta no arranjo. A música ganhou sugestão harmônica do compositor e artista plástico André Sztutman.
Sala de Concerto é uma resposta brincalhona e dançante a uma ocasião de formalidade em que, teoricamente, não se poderia dançar.
Dinheiro é um blues que critica as limitações que o dinheiro impõe. Contudo, traz uma reflexão: mesmo criticando o dinheiro, o queremos.
Além de Feio possui o arranjo mais diferente do disco: tem como fio condutor o baixo, com intervenções singulares de percussão e cordas. Curiosamente, trata de um tema bastante recorrente: o desejo entre duas pessoas enamoradas.
Poeira é uma reflexão sobre a inexorável passagem do tempo. O arranjo, baseado em voz e piano, propõe de forma bela e profunda que amemos o tempo, as rugas e os fios brancos, em vez de sempre lhe pedir piedade.
Desditos é um embaralhamento de ditos populares, que culmina na criação de novos ditados. Cativante e divertida, é a última música do disco e foi uma das primeiras composições de Marina. Preparando o silêncio, ouvimos repetidamente a frase: “não há outro como um dia depois do nada”, brincadeira com “não há nada como um dia depois do outro“.
MARINA MELO – CD SOFT APOCALIPSE
Álbum disponível em: Youtube|Deezer|Spotify|Soundcloud|Google Play
Disco físico preço sugerido: 25 reais (à venda pelo site oficial)
Contato para shows: Juka Tavares – Telefones: (11) 3872-5147 ou
(11) 99699-8808 | E-mail: [email protected]
Site oficial: <www.marinamelo.com.br>