Foi enquanto tomavam vinho e degustavam uma boa culinária nordestina que dois dos maiores artistas nordestinos decidiram cantar juntos no mesmo palco. Chico César, que tinha acabado de assistir a um show de frevo de Geraldo Azevedo, em São Paulo, convidou o pernambucano para jantar em sua casa. E para lá eles foram. E conversa vai, conversa vem, regados a boa comida e bebida e dedilhando os seus violões, o paraibano resolveu indagar o amigo: Geraldo, a gente poderia fazer isso aqui, cantar juntos para mais pessoas verem. O que achas? E logo veio a reposta: Só se for agora!

E foi assim que nasceu VioliVoz, a turnê de Chico César e Geraldo Azevedo, que teve estreia lá atrás, em 2021, e tem rodado o Brasil desde então. Os artistas, que sempre falam da admiração mútua que sentem um pelo outro, garantem que renovam a alegria a cada novo show que fazem. “O VioliVoz surgiu antes da pandemia, lá em casa, após uma apresentação linda do Geraldo, na capital paulista, onde eu moro. Mas, em razão da crise sanitária, não pudemos executá-lo. Então, seguimos conversando, desenvolvendo a ideia e até compusemos duas canções, uma de forma presencial e, a outra, virtualmente. Depois, passado aquele período, começamos a realizar esse sonho, e tem sido lindo, cada vez mais lindo. E realmente tocar ao lado de um mestre é a realização de um sonho para mim”, contou Chico César.

Geraldo Azevedo também falou da alegria de estar dividindo o palco com o amigo de Catolé do Rocha, lá do interior da Paraíba. “A nossa música tem uma interseção natural. Por exemplo, ‘Pensar em Você’ é filha de ‘Dia Branco’. O universo da canção é feminino e uma vai dando cria a outra. A gente conseguiu criar diálogos entre as nossas canções, alguns até impensáveis. E nós nos apropriamos muito um das músicas do outro, essa integração nos inspira. Além do mais, o canto do Chico é muito importante. Ele tem uma tessitura de voz bem ampla. Sinto que existe uma conexão entre as nossas vozes, quando Chico canta, parece que a minha voz vai mais além”, disse ele.

Público se identifica com o espetáculo

Quando falou sobre o seu encantamento com o show, Chico César declarou que parte dele vem do acolhimento do público: “As pessoas se reconhecem no VioliVoz não apenas pelos sucessos da nossa carreira, mas, também, por ser um espetáculo, de certa forma, ousado, cheio de pegadas instrumentais, com um puxando a música do outro e não somente a sua própria canção, e isso surpreende e alegra. Olhamos para o outro com afeto e carinho e as pessoas gostam disso, se veem nisso”, declarou.

Parceria nas canções e no palco

No sábado (3), a dupla voltará a Maceió, apresentando-se no teatro Gustavo Leite, a partir das 21h. E, durante o show, Chico César e Geraldo Azevedo vão cantar duas músicas que compuseram em parceria: ‘Nem na rodoviária’, com letra de Chico e melodia de Geraldo – feita à distância, e ‘Tudo de amar’, composta quando estavam juntos.

Se virão novas composições em parceria?! Eles deixam a resposta no ar, mas, admitem, sim, essa possibilidade: “Por enquanto, temos um DVD a caminho. Gravamos o show ao vivo no final do ano passado e estamos ansiosos para lançá-lo. Mas, a gente gosta muito de tocar um com o outro e a composição é algo natural. Pode vir coisa nova, sim. Quem sabe…”, brincou o músico pernambucano.

E Chico completou: “Somos dois artistas nordestinos, duas gerações diferentes, mas que de certa forma, influenciam-se mutuamente. Na verdade, ele mais me influencia, do que eu a ele. Esse é um encontro feliz, que já rendeu duas músicas inéditas e que, pode dar novos frutos, sem dúvida alguma”, acrescentou.

“Os governos vão e vem, mas a cultura permanece”, afirma Chico César

Chico César também aproveitou a oportunidade para condenar o Projeto de Lei de Conversão (PLV) nº 09/2023, que atualmente tramita no Congresso Nacional, e pretende reduzir o orçamento do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A matéria, que recebeu alteração a partir da inclusão dos artigos 11 e 12 que desviam 5% dos recursos das contribuições sociais destinadas pelas empresas do setor terciário ao Sesc e ao Senac para a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), implica no risco real de fechamento de unidades, desemprego e redução da qualidade reconhecida há 77 anos pelos trabalhadores brasileiros. “Estamos atentos e na defesa desses serviços. O Sesc, por exemplo, sempre esteve ligado a cultura. O turismo é importante e pode buscar novos recursos dentro do seu próprio segmento, ele não precisa tirar uma fatia do outro. Quero dizer que a cultura vai se manter firme. Os governos vem e vão, mas a cultura fica, a cultura permanece. Independente de governo, sempre ouviremos falar de quem contribuiu para a história das artes, para a identidade cultural do Brasil, a exemplo de Pixinguinha, Grande Otelo, Fernanda Montenegro, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro. E assim é, e assim será”, afirmou o músico.

A expectativa para o show em Maceió

Geraldo Azevedo disse que está contando os dias para o reencontro com os fãs alagoanos: “Um abraço enorme a todo o povo das Alagoas. Vai ser um prazer voltar a Maceió com o show Violivoz. Esperamos todos vocês ansiosamente”, convidou o artista.

“Voltar para Alagoas será bem emocionante, até porque não vamos aí há dois anos. Quem for, terá a oportunidade de ver uma pulsão de violões nordestinos que leva a alma brasileira ao palco. É um encontro feliz, potente e que celebra o amor. Será bonito demais estar com vocês mais uma vez”, prometeu Chico César.

Já viu que você não pode perder esse reencontro, né? Os fãs que estiverem presentes ao teatro verão, em VioliVoz, um mergulho coletivo na musicalidade poética desses dois grandes compositores nordestinos, mostrando a força de suas lindas canções.

Serviço:

Show: VioliVoz, com Geraldo Azevedo e Chico César

Local: Teatro Gustavo Leite

Horário: 21h

Ingressos: R$ 80 a R$ 250

Vendas: https://www.ingressodigital.com/evento/8399/Violivoz__Geraldo_Azevedo_e_Chico_Csar