‘Cinquenta Tons Mais Escuros’: Psicóloga analisa comportamento dos personagens
De acordo com Lívia Vieira, o sadomasoquismo possui implicações mais amplas do que o prazer sexual.
Assessoria de Imprensa / Beatriz Nunes
Jogos de dominação, sadomasoquismo, quarto da dor, romance e sexualidade são alguns dos elementos contidos na famosa trilogia ‘Cinquenta Tons de Cinza’. Após dois anos do lançamento do primeiro filme, a continuação ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’ chega aos cinemas nacionais. A adaptação é baseada no livro homônimo da escritora britânica E.L. James e os fãs do romance poderão acompanhar uma nova etapa do relacionamento da estudante Anastasia Steele com o empresário Christian Grey.
Lançado nacionalmente no dia 09 de fevereiro – aproveitando o clima do Valentine’s Day – e em cartaz no Cinespaço Mag Shopping, o filme está novamente entre os mais comentados do momento, principalmente pelas cenas de sexo, que envolvem sadomasoquismo e submissão. Dividindo a opinião dos leitores, o comportamento dos protagonistas pode passar de aventuras sexuais a situações “anormais”, consideradas, física e psicologicamente, dolorosas.
No entanto, de acordo com a psicóloga do Hapvida Saúde, Lívia Vieira, nem sempre é possível dizer o que é normal em um relacionamento. “Os comportamentos só se tornam anormais ou patológicos, a partir do momento que causam sofrimento, dor psíquica, influindo na qualidade de vida das pessoas e em suas necessidades biofisiológicas, como, por exemplo, causando insônia ou inanição”, explica.
De qualquer forma, segundo a especialista é preciso ter atenção ao começar um relacionamento, preocupando-se com limites e respeito ao espaço do outro. Porém, as restrições variam de acordo com o casal e os desejos de cada um. “Ninguém é dono ou propriedade de ninguém, não vale tudo no relacionamento, mas não podemos condenar aqueles que precisam se sentir dominados e que se saciam disso”, afirma.
Esse comportamento de dominação na história também é refletido no relacionamento sexual dos personagens, que tem como base o sadomasoquismo, cujo prazer está ligado às questões de poder e domínio. A psicóloga explica que o sadomasoquismo é considerado por alguns pensadores um distúrbio, por outros uma opção sexual e, na abordagem científica, como disfunção sexual.
De acordo com Lívia Vieira, o sadomasoquismo possui implicações mais amplas do que o prazer sexual. “É algo do caráter, portanto, para diagnosticar alguém como masoquista ou sádico, primeiro se investiga as manifestações sexuais em toda a vida sexual da pessoa. Eles sentem prazer em mandar e muitas vezes o que não é feito com os seus parceiros sexuais acaba sendo levado para outros momentos da vida”, esclarece.
Segundo a psicóloga, o sadomasoquismo só pode ser avaliado como doença quando estiver impondo conflito, sofrimento, dor psíquica ou infelicidade. Ou seja, quando o parceiro não está aceitando esse tipo de relação é que se constitui o conflito e, por consequência, a doença é diagnosticada.