É falso que maré baixa em Maceió seja sinal de tsunami

Pesquisadores da Ufal afirmam que não há evidência científica que preveja esse tipo de catástrofe no país. 

Secom Maceió

É falso que maré baixa em Maceió seja sinal de tsunami

Circula nas redes sociais o boato de que a maré baixa, movimento sempre visto em Maceió, seria um sinal que um tsunami atingiria o Brasil em breve. A informação é falsa. Pesquisadores da Ufal negam relação entre os dois fenômenos e afirmam que não há evidência científica que preveja esse tipo de catástrofe no país.

No Youtube, um homem utiliza uma foto da Praia da Ponta Verde do momento em que a maré está baixa para narrar a ideia alarmista. “Se o mar está desaparecendo, ele vai voltar. Os pesquisadores são avisados pela própria natureza e o sinal que mais prevalece é esse”, afirma. O homem diz que vai apresentar estudos científicos que comprovam a previsão de um tsunami, mas até o fim o vídeo isso não acontece.

O que é mentira?

É falso afirmar que a maré baixa em Maceió signifique um sinal que antecede um tsunami. Vários especialistas desmentem o conteúdo sensacionalista.

O que é verdade, então?

O pesquisador Henrique Ravi, doutor em Geociência e líder do Grupo de Estudos Integrados ao Gerenciamento Costeiro (GEIGERCO), afirma que esse tipo de recuo do mar  em Maceió não é novidade, mas que é um evento natural, previsto e comum.

“Esse movimento ocorre duas vezes por dia, com intervalos aproximados de 6 horas entre o nível alto denominado de preamar e o baixo baixa-mar, com diferença de no máximo dois metros. Essa maré é influenciada diretamente pelas forças de atração do sol e principalmente da lua sobre nosso planeta, sendo denominadas de marés astronômicas. As maiores preamares e baixa-mares ocorrem nos momentos de lua cheia e nova, sendo esse movimento natural denominado de maré de sizígia”, detalha Ravi.

Professor da Ufal, Henrique Ravi reforça que não há estudos ou evidências científicas que indiquem a possível ocorrência de tsunamis na costa brasileira. “Não há porque se cogitar se poderá haver um tsunami ou não, visto que não é um fenômeno recorrente no oceano atlântico”, tranquiliza o pesquisador ao citar que o último relato do Brasil ter sofrido reflexo de um tsunami é do século XVIII, em 1755, quando houve o maior terremoto sentido na Europa que atingiu fortemente Lisboa, em Portugal.

Já o oceanógrafo Gabriel Le Campion explica que o recuo do mar em uma situação de tsunami seria muito maior. “Estamos localizados em uma placa tectônica de margem passiva, ao contrário do Chile, Peru, Califórnia, México e Japão, por exemplo. Tsunamis são mais frequentes em regiões de limites de placas, margens ativas, onde uma placa se atrita com a outra ou em explosões de vulcões submarinos em ilhas oceânicas, que não é o nosso caso”, afirma Le Campion.

Gabriel explica que embora tsunamis também desloquem grandes massas de água, o avanço de um tsunami levaria apenas poucos minutos para ocorrer após um rápido recuo da água do mar, o que não é o caso . “A energia do tsunami não forma onda no oceano, mas propaga-se como uma vibração, que viaja entre 650 a 850 km/h, ou seja, em no máximo 4 minutos atingiria a costa”, pontua.

Entenda a metodologia utilizada para a produção desta checagem clicando aqui.

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