Exposição de Manoel da Marinheira lota Complexo Cultural em noite de festa
Abertura da temporada de “A Floresta Encantada” com exibição de esculturas gigantes da família Marinheira foi marcada por momentos de emoção e beleza; mostra continua em cartaz até o final de agosto
Imprensa Oficial Graciliano Ramos / Mário Lima
A abertura da temporada da exposição “A Floresta Encantada de Manoel da Marinheira”, na noite de quinta-feira, 27, lotou o Complexo Cultural do Teatro Deodoro. Mais de 400 pessoas puderam ver de perto esculturas gigantes de animais em madeira, criados pelo mestre Marinheira, um dos maiores artistas populares alagoanos, e pelo seus filhos e discípulos. São mais de 60 esculturas gigantes de animais da fauna mundial expostos nos dois grandes salões do Complexo, que está aberto à visitação pública, de segunda a sábado, de 8 às 17 horas, até o final do mês de agosto.
A exposição é uma realização da Imprensa Oficial de Alagoas, por meio da revista Graciliano, que em sua atual edição traz o tema Manifesto da Arte Popular, mestres de Alagoas, entre eles Manoel da Marinheira. O evento é parte da programação oficial dos 200 anos da emancipação política de Alagoas, e tem o apoio da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), e do Museu Manoel da Marinheira, do empresário Jorge Tenório, proprietário da coleção de esculturas exibidas no evento.
Representando o governador Renan Filho, o secretário de Comunicação, jornalista Ênio Lins, falou da importância da homenagem ao grande mestre, no contexto dos 200 anos de Alagoas, e ressaltou que a programação vai continuar durante todo o ano.
“É uma bela homenagem ao pioneiro da arte popular alagoana, uma singularidade que só acontece mesmo aqui, quando uma família inteira segue a obra do pai. Que belo exemplo para a cultura alagoana e brasileira. Tudo isso tem que ser mostrado, é o que estamos fazendo da melhor maneira possível. Parabéns à Imprensa Oficial por unir atividade editorial com realizações culturais”, disse o secretário.
TODOS A BORDO
O momento de maior emoção foi a chegada da família Marinheira: os quatro filhos escultores de Manuel, herdeiros e continuadores de seu legado – André, Antonio, Severino e Manoel Filho – e o discípulo Fábio, que têm suas peças exibidas junto com a do pai. A família veio em ônibus fretado, de Boca da Mata, terra natal de Marinheira e sua família, que hoje é chamada de “Boca da Arte”. Os Marinheira desembarcaram com uma trupe de mais 20 pessoas, entre filhos, amigos e genros, a viúva de Manoel e netos que já formam a nova geração de escultores.
“Poderíamos realizar uma exposição com obras de todos os grandes artistas alagoanos da madeira, da cerâmica, da renda e do bordado, da pintura, da escultura. Mas decidimos lançar luz sobre Manoel da Marinheira, resgatar a verdadeira dimensão do homem e de sua arte. Um homem do povo, um autodidata, que superou dificuldades e a sua própria condição de artista, para se tornar um gênio da escultura em madeira. Considerar ele tão grande, como os grandes escultores universais”, assinalou o presidente da Imprensa Oficial Graciliano Ramos”, Marcos Kummer.
Ainda falaram a presidente do Diteal, Sheila Maluf, que destacou o novo momento dar artes em Alagoas, ressaltando que nesta mesma noite três eventos ocorriam simultaneamente no Teatro Deodoro, Arena e no Complexo, e celebrou a parceria com a Imprensa Oficial.
A museóloga Carmem Lúcia Dantas, curadora e organizadora do Museu Manoel da Marinheira, falou com emoção da amizade que unia o mecenas e colecionador Jorge Tenório, dono do acervo da exposição, e Manoel da Marinheira, “que além de serem amigos de todas horas, tinha uma paixão em comum por obras de arte”. Pelo empresário Jorge Tenório falou o seu neto, Gustavo. Ele disse que seu avô era um aficionado por arte popular, principalmente a criada pela família Marinheira. “São obras que falam, desfilam e fascinam quem às vê”.
Por último, falando pela família, André da Marinheira, muito emocionando com a homenagem, apresentou os irmãos, e contou momentos decisivos da vida do pai. “Ele começou aos 12 anos, fazendo um coelhinho escondido do meu avô, mas daí em diante não parou mais, e agora estamos continuando sua obra”.
PASSEIO NA FLORESTA
Nos dois salões da exposição, o público e convidados circulavam à vontade entre os corredores e as peças. A vedete da abertura da temporada, foi a família orangotango, a preferida de todos para selfies entre amigos. As crianças presentes brincavam na piscina cenográfica, entre as esculturas de animais marinhos como peixe, a foca, o tubarão, o cavalo marinho entre outros.
Escritores, jornalistas, galeristas de arte, artista visuais e escultores admiravam a coleção, entre os presentes estacam Celso Brandão, Tania Maya Pedrosa, Paulo Caldas, Pedro Cabral, Achiles Escobar, Bárbara Lessa, Fredy Costa, Mirna Porto e o casal de galerista e artistas Maria Amélia e Dalton Costa, da Karandash.
A exposição também foi vista pelo convidado da Imprensa Oficial, o marchand, pesquisador e dono da galeria Brasiliana – uma das mais importantes do pais – Roberto Rugiero, que ficou impressionado com a grandiosidade da exposição.
“Eu já conheço a obra dos Marinheira e todos os grandes artistas alagoanos, mas com certeza o grande pioneiro Manoel da Marinheira foi belissimamente homenageado. Esta exposição chega em boa hora, um bom momento para comprar, pois a arte popular está em plena ascensão no mundo inteiro”, incentivou Rugiero.
O grande final da inauguração da exposição foi a apresentação da Orquestra Filarmônica de Alagoas, que brindou o público com um concerto em cordas instrumentais. Emoldurando o palco do anfiteatro, uma grande foto clássica de Manoel da Marinheira, de autoria de Celso Brandão, se destacava na homenagem ao grande artista alagoano Manoel Da Marinheira.