Jornalistas de Alagoas fazem greve contra redução de piso salarial

Mobilização histórica é acompanhada com preocupação por trabalhadores de todo país

SINDICATO DOS JORNALISTAS DE ALAGOAS (SINDJORNAL)

Jornalistas de Alagoas fazem greve contra redução de piso salarial

Com uma adesão de mais de 90% dos profissionais que atuam nos três principais veículos de comunicação de Alagoas, jornalistas de todo o estado participam desde o dia 25 de junho de uma greve histórica, que tem como pauta principal assegurar a manutenção do piso salarial da categoria, ameaçado  por uma proposta de corte de 40% defendida pelos donos das empresas. A medida chama a atenção de trabalhadores de todo o país porque pode abrir precedente para atingir outras categorias e profissionais de outros estados.

A greve, decretada por tempo indeterminado, provocou o fechamento parcial de redações, comprometendo a produção jornalística de veículos televisivos, impressos e digitais. A mobilização também conta com profissionais de assessorias de comunicação e estudantes.

A luta dos jornalistas contra a precarização da profissão ganhou força nas últimas semanas, após as empresas de comunicação se recusarem a negociar com o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal). As empresas são:

Organização Arnon de Mello (OAM), que pertence ao senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello: TV Gazeta (Afiliada Globo),  G1 Alagoas, Globoesporte, Gazetaweb e Jornal Gazeta de Alagoas;

Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM), que pertence ao empresário Emerson Tenório: TV Pajuçara (Afiliada Record) e Portal TNH1;

Sistema Opinião, que pertence ao empresário Cândido Pinheiro: TV Ponta Verde (Afiliada do SBT) e portal OP9.

Irregularidades e trapalhadas
Com a greve decretada e os principais jornalistas fora das redações, as empresas de comunicação estão cometendo irregularidades jurídicas para manter, mesmo que de forma precarizada, a exibição de programas jornalísticos, desrespeitando o público e anunciantes com conteúdos de baixa qualidade.

OAM – A TV Gazeta recorreu à contratação ilegal de profissionais e estagiários para colocar os programas jornalísticos no ar. O resultado é um show de trapalhada e amadorismo, que vai da bancada das apresentações dos telejornais à produção e edição das matérias, o que tem provocado diversas críticas do público nas redes sociais. Até o momento, a Rede Globo não se posicionou sobre o assunto.

Com os jornalistas fora das redações o portal G1 Alagoas não é atualizado desde a quarta-feira (26) e a TV Gazeta vem exibindo reportagens antigas (algumas com mais de 2 anos) e de outros estados para os telespectadores, a exemplo de uma que mostra o crescimento do número de multas de trânsito na região Centro-Oeste.

PSCOM – A TV Pajuçara deixou de veicular seus jornais noturnos, acumulando prejuízos com os telespectadores e anunciantes. A empresa também ensaiou algumas contratações para ‘substituir’ os funcionários grevistas.

SISTEMA OPINIÃO – A TV Ponta Verde levou para Alagoas jornalistas do estado de Pernambuco e Paraíba para ‘substituir’ os funcionários grevistas. A TV vem exibindo também de forma precária seus programas jornalísticos, recorrendo a vídeos do Whatsapp e de câmeras de segurança, prejudicando audiência e anunciantes.

CRONOLOGIA DA GREVE EM ALAGOAS

As negociações foram iniciadas em abril (data-base do acordo coletivo). As empresas recusaram 8 propostas feitas pela categoria e se mostraram irredutíveis sobre sua posição do corte de 40% do piso:

19/06 –  Empresas pedem o encerramento das negociações;

24/06 – Jornalistas, em assembleia realizada pelo Sindjornal, decretam greve por tempo indeterminado;

25/06 – Greve é deflagrada com cerca de 90% de adesão dos profissionais que atuam em redação. Assessores de comunicação em apoio ao movimento silenciam e deixam de encaminhar releases e propostas de matérias. Estudantes de comunicação social em defesa do Jornalismo fazem adesão ao movimento;

27/06 – Mais uma tentativa de negociação é realizada, mas empresas de comunicação não recuam e mantêm proposta de redução do piso salarial dos jornalistas. Proposta é rejeitada pela categoria e a greve é mantida.

#ReduçãoSalarialNão #AGreveÉNossa #QuemPagaFazAoVivo

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