Meditate, projeto de rock experimental de Mário de Alencar
Cantor, guitarrista e compositor, referência de música alternativa e produção ‘lo-fi’ em Maceió, lança novo álbum com oito faixas
Assessoria de Comunicação / Alagoas Boreal
Poderia ser The Cure, com a guitarra climática de Porl Thompson ainda, chamando o Peter Murphy do Bauhaus para fazer uns vocais. É climão anos 1980/ 90, mas é pós dos pós-todos – mesmo que eles se iludam-se (auto) chamando de dream pop (essa besteira) porque Meditate faz som de hoje com consistência do underground. É rock jovem que nasce em 2018, com uma poesia-existencial (e menos raivosa) – que não tá nem aí para o som limpinho pop dos palcos comerciais. Sim, tem estética lo-fi, pós-pós-punk, uma levada darkwave, mas é o clima poético da sonoridade, das vozes e das letras, elas mesmas que mostram um caminho especial desse projeto do cantor, compositor e guitarrista Mário Alencar – ainda que pareça apenas mais um encontro entre amigos e o rock, com todas as dificuldades etc., até de levar a sério os ensaios (risos), e também a grana para pagar o estúdio, não é? Ah, retrato do artista quando jovem. Patti Smith adoraria, acho eu.
O disco (digital) é uma parceria entre os selos independentes Marly Records e Crooked Tree Records. Além de Mário Alencar, que faz produção, toca guitarra, baixo, faz vocal, beats, compõe e ainda é designer, o projeto é encampado, também, por Carlos Otávio Vianna (Depressa Moço!), que produziu na música “Deadly Sin” os beats, e por Edson Codenis (The Modem), entrando com os synths e teclados em todas as faixas. O disco traz oito faixas. Eu poderia pensar que a estética geral é post-rock, nessa angústia de querer sempre colocar um produto dentro de um padrão, de uma caixinha. Pós-rock dentro daquele conceito trazido pelo Simon Reynolds quando ouviu o álbum “Hex” da Bark Psychosis, lá pelos anos de 1994, entendendo que é possível um rock mais experimental com as guitarras, batidas e synths levando a um clima mais texturizados (vide a música “A Street Scenes”). Mas vamos seguir em frente e dizer que Meditate é também pós-post-rock – porque o campo poético sonoro é sempre dominante em todas as suas faixas.
“Soldier” abre o disco com um vocal grave, dramático, em clima goth, a guitarra com som em camada contínua e um baixo melódico. A bateria se reveza em dois tipos de beats. Tem estética “dark” aí. A segunda faixa, “Trust”, traz uma guitarra mais melódica em climão anos 1990 “pós-punk-darkwave-tudo-junto”
Achei o disco consistente. E por isso bonito. Manteve o clima poético em todas as faixas e tem esse som denso com pouca gente no “palco” para fazer esse clima todo bom e com várias referências. Ah! Meditate canta em inglês, mas não é banda estrangeira. É de Maceió, Alagoas, com seu talento de produzir música pop e rock universal sem culpa de não ser rock regional. Meditate é poesia densa com rock.
Ouça o disco aqui: https://crookedtreerecords.wor