‘Não estou doente e não entreguei o cargo’, diz Pazuello por meio de assessoria
Pessoas próximas a Bolsonaro entraram em contato com dois nomes cotados para assumir o Ministério da Saúde, incluindo o de Ludhmilla Hajjar, recebida pelo presidente no Planalto
Pazuello (Crédito: SAULO ANGELO)
No mesmo dia em que o Ministério da Saúde divulgou nota dizendo que Eduardo Pazuello “até o presente momento” seguia como titular da pasta, o assessor especial do ministério, Markinho Show, usou o Twitter para desmentir informação de que o chefe pretende entregar o cargo.
“Não estou doente, não entreguei o meu cargo e o presidente não o pediu, mas o entregarei assim que o presidente solicitar. Sigo como ministro da saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas”, escreveu o assessor, atribuindo as aspas ao próprio Pazuello.
A declaração foi feita em meio a discussões no governo para substitui-lo à frente da Saúde. A troca teria sido tema de uma reunião de Bolsonaro com ministros da ala militar na noite deste sábado.
Após o possível pedido de afastamento de Pazuello ter sido revelado pelo GLOBO, o Ministério da Saúde divulgou nota em que informou que “até o presente momento, o ministro Eduardo Pazzuelo segue à frente da pasta, com sua gestão empenhada nas ações de enfrentamento da pandemia no Brasil.”
Pessoas próximas ao presidente já entraram em contato com dois médicos cardiologistas cotados para substituir Pazuello: Ludhmila Abrahão Hajjar, professora associada da USP, e Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O primeiro nome, como divulgou o blog de Andréia Sadi, é o preferido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e de deputados do Centrão. Neste domingo, Lira usou seu perfil no Twitter para elogiar a médica e dizer que “torce” para que, “caso nomeada ministra da Saúde, consiga desempenhar bem as novas funções”.
Ludhmila foi recebida neste domingo por Bolsonaro no Palácio da Planalto. Em nota, o Ministério das Comunicações confirmou o encontro, que teria sido de aproximação entre o presidente e a médica. Apoiadores de Bolsonaro criticaram Ludhmilla nas redes sociais, citando o fato de a médica defender posicionamentos que são consenso na comunidade científica, como a inexistência de um “tratamento precoce” eficaz contra a Covid-19, além da adoção de medidas de isolamento social. A militância bolsonarista também resgatou trechos de uma live em que a médica é elogiada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Além de criticarem a gestão de Pazuello, principalmente por conta do atraso no cronograma de vacinação, deputados do Centrão disseram em caráter reservado ao GLOBO que, com a volta do ex-presidente Lula (PT) ao cenário eleitoral, o bloco, hoje na base de Bolsonaro, ganha força para pleitear mais espaços na administração pública.