Polícia Civil indicia quatro suspeitos pela morte de cães no Neafa
Segundo delegada, todos os funcionários confirmaram o delito. Advogado da ONG só apresentará defesa após posicionamento da Justiça.
A Polícia Civil de Alagoas informou, nesta terça-feira (29), que indiciou quatro funcionários do Núcleo de Educação Ambiental São Francisco de Assis (Neafa) pelo envenenamento de 30 cães e a morte 12 animais em dezembro do ano passado. O advogado do grupo disse que vai aguardar o pronunciamento da Justiça para apresentar defesa.
Foram indiciados os administradores Pallova Welmanny Mendes da Costa e Ervivaldo Emídio da Silva, o fundador Ismar Malta Gatto e o representante legal da ONG, Davi Nogueira Gatto.
Segundo a polícia, o inquérito concluído pela delegada Talita de Aquino Pereira, do 25º Distrito Policial (25º DP), aponta que o delito foi cometido por funcionários da ONG, que fica localizada no bairro do Farol.
De acordo com a polícia, testemunhas relataram em depoimento que quando Pallova e Silva administravam o Neafa, os animais falecidos eram enterrados no terreno ao lado da ONG e que eles cobravam cerca de R$ 40 aos donos dos animais para o procedimento.
Testemunhas teriam dito ainda que se os funcionários do Neafa denunciassem as eutanásias irregulares, eles seriam demitidos.
Ao falar com a reportagem do G1 o advogado dos indiciados, Cláudio Vieira, disse que vai aguardar o pronunciamento da Justiça sobre o caso para só depois apresentar defesa.
Inquérito
De acordo com as investigações, o Neafa não possui autorização ambiental para manter um cemitério de animais em sua sede e, portanto, violou as normas de proteção ao meio ambiente.
A polícia ainda disse que Pallova, Silva e Malta tinham consciência do delito, assim como os demais funcionários. Ao testemunharem, todos admitiram a existência do cemitério ilegal, em área urbanizada e residencial, o que configuraria em crime de perigo abstrato para a saúde pública e o meio ambiente.
A delegada salienta que o crime ocorreu em dezembro de 2014, e foi inicialmente investigado pelo delegado Gustavo Pires, mas os laudos toxicológicos providenciados pela ONG para identificar o tipo de substância utilizada para envenenar os cães só foram entregues à Polícia Civil no mês de julho deste ano.
No inquérito policial que foi encaminhado à Justiça, além do depoimento de funcionários da instituição, e vizinhos do local, consta também a Lei de Crimes Ambientais, onde os maus tratos contra animais estabelece uma causa que aumenta a pena criminal, caso ocorra morte do animal.
Através da conclusão do inquérito, os documentos sobre os procedimentos realizados foram encaminhados à Justiça, juntamente com as qualificações, depoimentos e interrogatórios dos indiciados, e das testemunhas.
Em fevereiro deste ano o Ministério Público Estadual (MP-AL) já havia apontado Silva como o responsável pelo crime.
Na época a assessoria de comunicação do Neafa negou que o funcionário estivesse envolvido no crime. Ainda segundo a assessoria, não existe nenhuma linha de investigação que aponte o administrador como responsável pelo envenenamento.
Entenda o caso
O envenenamento dos cães do Neafa foi descoberto na manhã do dia 25 de dezembro.Oito animais morreram no mesmo dia, outros três, no dia seguinte, e o último morreu semanas depois.
Todos os animais que apresentaram problemas de saúde estavam no mesmo canil onde foram achados, segundo os veterinários do Neafa, vestígios de alimento envenenado.
A equipe de voluntários, que montou uma força-tarefa para tratar os animais, acredita que o veneno foi lançado por cima de muro que fica trás da sede.