Saiba como o aumento de casos de Covid-19 na Índia pode impactar o mundo inteiro
Preocupados com a Covid-19 desenfreada na Índia, alguns países do mundo estão enviando insumos para o país asiáticos.
Olhar digital / Por Lucas Soares , Editado por Lyncon Pradella
A Índia se tornou o novo epicentro da Covid-19 no mundo. O país foi o primeiro a registrar 400 mil novos casos em um único dia e está passando por uma crise catastrófica. A estrutura médica precária complica ainda mais a situação do local que está longe de ver uma melhora. A crise vivida na Índia pode também ultrapassar as fronteiras do país em breve.
Além disso, as autoridades acreditam que os números divulgados são imprecisos, devido a falta de testes no segundo país mais populoso do mundo. Apesar de ser a maior fabricante de vacinas do planeta, a Índia está atualmente com apenas 1,3% da população imunizada.
“Desta vez, os números de mortalidade são provavelmente subestimações graves, e o que estamos vendo no terreno é muito mais mortes do que o que foi oficialmente relatado”, disse Ramanan Laxminarayan, diretor do Centro de Dinâmica, Economia e Política de Doenças de Nova Delhi, à CNN.
Situação da Índia com a Covid-19
Assim como aconteceu no Brasil e no Reino Unido, quando houve um aumento expressivo no número de mortes, a Índia também sofre com uma nova variante da Covid-19. Até o momento, poucos estudos foram feitos com a nova cepa e ainda não é possível saber se ela é mais letal ou contagiosa do que outras versões.
“A receita para a criação de variantes do vírus é simples: quanto mais casos de infecção em um lugar, mais oportunidades para o vírus sofrer mutação e se adaptar”, explicou Nikolai Petrovsky, professor de medicina da Universidade Flinders e secretário-geral da International Immunomics Society.
O grande problema disso é que o vírus se adapta ao sistema imunológico e essas variantes podem atingir um público mais jovem ou até mesmo reduzir a imunidade concedida pela vacina. “Quanto mais infecções, mais variantes, maior o risco de surgimento de uma variante ainda mais transmissível e/ou mais difícil de controlar”, completou ainda.
Como já foi mencionado, a Índia é o maior fabricante de vacinas do mundo e também produz imunizantes contra a Covid-19. Com a crise sanitária no país, as exportações foram proibidas pelo governo. Além disso, a nação é a principal fornecedora da Covid-19 da Covax Facility. A situação deve atrasar a entrega dos imunizantes em muitos lugares.
“Em primeiro lugar, o governo não preparou o país para a possibilidade de Covid-19 retornar ainda mais forte, como aconteceu em outras partes do mundo”, explicaram os especialistas de política pública, Pradeep Taneja e Azad Singh Bali, para o site The Conversation. “Em segundo lugar, mesmo com o vírus se espalhando como um incêndio, Modi (Narendra Modi, primeiro-ministro) e seus ministros continuaram fazendo campanha nas eleições estaduais em cinco estados, participando de comícios e elogiando as multidões por comparecerem em grande número”, finalizaram os pesquisadores.
Outro ponto que se destacou na propagação da Covid-19 na Índia foi o Kumbh Mela. Considerado o maior festival religioso do mundo, o evento reuniu mais de 6 milhões de pessoas em abril para um mergulho no rio Ganges. A festividade é vista como um grande propagador do vírus.
Embora o governo tenha mudado o tom inicial e enfatizado para a população a importância das medidas de isolamento, as autoridades solicitaram a remoção no Twitter e no Facebook de postagens criticando a forma como os políticos locais estão lidando com a pandemia.
Preocupados com a Covid-19 desenfreada na Índia, alguns países do mundo estão enviando insumos para o país asiáticos. Os EUA se comprometeram a enviar US$ 100 milhões em ajuda uma humanitária além de 20 milhões de doses da AstraZeneca. Reino unido e França também se comprometeram com recursos. A Rússia informou que vai fornecer doses da Sputnik V.
Via Cnet